O restaurante, a promoção e o casal (homem e mulher)
- Rodrigo Ribeiro
- 13 de fev. de 2017
- 3 min de leitura
Na última sexta-feira, a cidade de Araraquara presenciou uma polêmica que repercutiu nacionalmente, na qual envolveu um restaurante de comida japonesa, que decidiu realizar uma promoção de rodízio, pela própria página do Facebook, em um dia específico da semana, só que com um detalhe: apenas para casais e, entre parênteses escreveu, "homem e mulher".

Isso foi o suficiente para que o print dessa conversa fosse exposto em um grupo do Facebook, que tem por objetivo, reclamar dos estabelecimentos que cometem falhas com seus clientes, seja por meio de péssimo atendimento ou entrega de produto/serviço em desacordo com o que fora negociado. Em alguns instantes, choveram curtidas, comentários e compartilhamentos sobre esse assunto, digamos que cerca de 90% deles foram negativos. Logo em seguida, pôde-se perceber representantes da causa LGBT se pronunciando e gerando movimentos contrários ao restaurante, com o objetivo de boicotá-lo por causa de sua tamanha insensibilidade e incapacidade de responder de acordo com o que aquele rapaz gostaria que fosse a resposta.
Diante deste fato, o dono do estabelecimento, após conversar com líderes da causa LGBT, resolveu pedir desculpas e alterar a descrição da promoção, especificando que a mesma valia para casais de todos os tipos.
Como aqui não se trata de um site de notícias, irei por meio deste artigo expor um posicionamento isento de ideologia, seja de esquerda ou de direita, pretendendo apenas refletir sobre como um profissional de marketing e de comunicação deveria se portar diante de fatos similares a este.
Primeiro, vamos analisar os erros cometidos pelo restaurante. Comecemos pelo que a maioria dos comerciantes cometem: o de não ter um profissional de comunicação, ou porque querem economizar, ou porque acham desnecessário ter "alguém de marketing". Se o dono do estabelecimento ficasse isento nessa história e ele tivesse um porta-voz, a sua autoimagem estaria mais preservada.
O segundo erro acredito que foi o "não" ríspido que ele deu ao rapaz que perguntou pela rede social. Foi isso o que fomentou a revolta. Talvez ele estivesse muito ocupado a ponto de não conseguir formular uma resposta esclarecedora, porém não foi com esses olhos que os internautas enxergaram e foi por conta disso que ele levou a reputação do seu ponto comercial para o fundo do poço (segundo a visão dos que apoiam as causas LGBT's).
O terceiro erro foi a falta de posicionamento da empresa com relação à sua filosofia. Se o restaurante tivesse claramente na sua página do Facebook que, por exemplo, preza pelo respeito à diversidade, direitos iguais etc, com certeza teria evitado esse tiro que saiu pela culatra.
Vale ressaltar que na minha opinião, essa promoção explicitamente não foi um caso de discriminação, homofobia ou intolerância entre pessoas do mesmo sexo. Foi apenas uma promoção mal executada. O objetivo do restaurante era realizar a oferta do rodízio, considerando um cálculo onde, somaria-se a média de consumo de um homem, ao da mulher, levando em consideração que homens consomem mais do que elas e isso, com certeza, é um fator que deve ser levado em consideração, pois se não, o estabelecimento arca com prejuízos.
Agora, analisemos o papel de um profissional de marketing diante dessa situação. A primeira coisa que todo atuante na área de comunicação deve ter é isenção e imparcialidade quando se ver diante dessas circunstâncias. Não foi o que presenciei nos comentários. Nem nas notícias. Na verdade, vi que muitos faziam "palanques" para enaltecer seus discursos de acordo com suas posições ideológicas. Inclusive esse fato só tomou essa proporção porque apoiadores das causas LGBT se apropriaram do ocorrido e espalharam informações conforme lhes parecia verdadeiro.
A segunda coisa que um profissional deve entender é que existe mercado para todo tipo de pessoa. O nome disso não é segregação e sim, liberdade. Por exemplo, um salão de beleza pode muito bem querer atender apenas mulheres de cabelos crespos, isso não significa que o empresário odeia mulheres do cabelo liso (e vice-versa). Uma loja de calçados pode focar em trabalhar apenas com sapatos masculinos, isso não quer dizer que a loja é machista (ou vice-versa). Por último, uma boate pode muito bem atender apenas o público LGBT e isso não imprime a ideia de que os mesmos odeiam os heterossexuais. O nome disso é liberdade, ou mais especificamente, livre comércio.
Para concluir, vale um conselho para os empresários: antes de pensarem em promoções, campanhas e etc, contratem um profissional de marketing para analisar todo o cenário em que sua empresa está inserida; observem quais as vantagens e as desvantagens tal promoção apresentará; verifiquem se o que será oferecido corresponde com os anseios do seu público-alvo e por fim, evitem pensar metodicamente. Os clientes mudam, suas preferências e opiniões também (e constantemente).
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